Um tempo marcado pelo reinado de uma mulher forte. Rainha Vitória reinou por 25 anos e teve sua época caracterizada por intensa industrialização e urbanização, em suma, o início de uma mudança social. Nos séculos passados, as pessoas permaneciam onde nasciam, em suas mesmas comunidades, mas isso mudou durante a Era Vitoriana: as pessoas agora podiam sair do campo em busca de uma vida diferente nas cidades.
Os antigos senhores de engenho deram um salto na sociedade, se tornaram membros da nova classe média industrializada, além é claro, dos médicos, dos advogados etc. Esses novos membros dessa nova classe média se viram marcados por valores que os distinguiam da aristocracia, mas também os separava da classe trabalhadora abaixo deles. Essa identidade foi construída sob uma respeitabilidade moral e domesticidade.
O papel da mulher foi central na construção desses valores. O ideal feminino se erguia sob a rotulação da “Missão Feminina”, elas agora eram vistas como as guardiãs da moral, o que significava ser uma mãe, mulher e filha exemplar. A pureza da mulher era a garantia do lar como um “céu”, a fonte da estabilidade social e a proteção de sua família.
O papel da mulher limitava-se aos afazeres domésticos, aos compromissos sociais, organização de bailes. Elas eram lapidadas para se transformarem em verdadeiras damas: aprendiam piano, tinham aula de línguas estrangeiras como o francês e italiano. A vida na cidade era vista como perigosa e, por isso, às mulheres respeitáveis era guardada a santidade do lar, logo a maior parte delas era dona de casa.
Os anos passaram e a revolução industrial se tornou uma realidade cada vez mais estabelecida. Anos mais tarde a primeira guerra mundial se instalaria e os homens que trabalhavam nessas fábricas seriam chamados para servir seu país. Como ficariam a indústria e as famílias que viviam da renda que esses homens produziam? A solução foi inesperada, mas inevitável: as bravas mulheres tomaram os lugares de seus maridos nessas fábricas, foram para sua luta particular, trabalhar e cuidar de seus filhos (muitas fábricas possuíam crianças correndo por seus corredores e também trabalhando).
Foi nesse ponto crucial da história que a libertação feminina começou. Os primeiros movimentos feministas concretos, que exigiam maior participação da mulher na vida pública, nasceram. A guerra serviu como o estopim de um movimento histórico que mudou o papel feminino no mundo.
Muitas de nossas autoras fizeram parte dessa época. Elizabeth Gaskell e as irmãs Brontë são as que, mesmo vivendo na Era Vitoriana, denunciavam a condição feminina em suas obras. Suas personagens são mulheres fortes que questionam a realidade na qual estão inseridas.