A Cidade e as Serras é a última obra de Eça de Queirós. Publicada em 1901, após sua morte, coube ao amigo e escritor Ramalho Ortigão decifrar seus manuscritos, revisar e emendar alguns trechos. Escrita com base no conto “Civilização”, de 1892, A Cidade e as Serras, opõe dois estilos de vida: o urbano e o rural, representados por Paris – cidade-luz, considerada na época, o exemplo de civilização e modernidade – e Tormes – pequena cidade portuguesa onde o progresso ainda não havia chegado. Trata-se da obra que mais reflete a civilização industrial originária do movimento do qual Eça fez parte: o Realismo. Assim, a obra serve de pretexto para criticar os efeitos que a revolução industrial e a urbanização acelerada haviam processado nas sociedades durante o século XIX. Obra de inegável atualidade, leva-nos à reflexão a respeito dos canhestros progressos dos tempos modernos e da suposta precariedade da vida em meio à natureza.