Desde a origem das coisas até o século quinze da era cristã, a arquitetura era o grande livro da humanidade, a principal expressão do homem em seus diversos estágios de desenvolvimento, seja como força, seja como inteligência.
O ponto alto do Romantismo literário e, ao mesmo tempo, um dos primeiros romances plenamente modernos, “O corcunda de Notre-Dame” é lido ora como uma fascinante narrativa de estilo gótico, ora como uma verdadeira enciclopédia da vida popular na Idade Média. Tão monumental quanto a lendária igreja que lhe dá o título, provoca um interesse ansioso, inesgotável, crescente à medida que se chega ao final de seu complexo enredo. Seus protagonistas, a linda cigana Esmeralda e o monstruoso sineiro Quasímodo, formam um dos casais mais insólitos da literatura mundial, e a tocante história deles, lembra um antigo vitral contemplado à contraluz: sejam quais forem, vagas, ilógicas ou irreais, as figuras que representa, deslumbram-nos com seu brilho versicolor e nunca mais saem da nossa memória.